Marina O. perguntou:
Lembra de um filme do Monty Python que começa com os peixinhos no aquário, pra lá e pra cá, pra cá e pra lá? O nome do filme é "O Sentido da Vida" , e eu, caro Cleidoráculo, vos pergunto: Qual o sentido da vida?
Prezada Marina, lamento informar, mas a vida não tem sentido! No máximo tem uma direção e, mesmo assim, por culpa do Prigogine que ficou com aquelas frescuras termodinâmicas da irreversibilidade da flecha do tempo, da impossibilidade de reversão da direção das reações químicas, da eterna tendência à desordem e ao caos pelo aumento da entropia do sistema que o tempo provoca. Por conta de tudo isso, dessa direção da flecha do tempo, nascemos, crescemos e morremos e, no meio do caminho, nos divertimos um pouco, se conseguimos.
O problema do sentido da vida que tanto perturba os pensadores desde a Grécia antiga, na verdade, é apenas um efeito colateral, uma rebarba, da capacidade dos seres humanos de pensarem e terem auto-consciência. É a cachorra da auto-consciência que nota que nós existimos, que os outros existem e que as coisas e os outros seres vivos também existem por aí. Diante da tanta consciência de existência, começam a aparecer as perguntas (vide tópico sobre a origem das perguntas) e, embasbacado com o fato de tanta complexidade, começamos a achar que tudo isso deva ter algum sentido, que essa complexidade de processos auto-criativos que conhecemos como vida, tenha algum propósito. Mas não tem! Posso garantir que não tem. O único sentido da vida é o “sentir a vida”, deixar-se levar pelo fluxo de acontecimentos que ela é, ou seja, deixar-se fluir no viver. Lembrando do final do filme que você citou, é acordar, tomar café, levar as crianças na escola, passear, namorar, cortar o cabelo, pagar as contas, ler e etc.
O resto são questionamentos e dúvidas que surgem depois quando pensamos sobre, mas, convenhamos, refletir é bem diferente de ser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário