16 setembro 2006

Como se explica a paixão?

Tânia Alonso perguntou:

Ó Oráculo dos Oráculos! Como pode ser explicada a paixão? Não a de Cristo! Quero dizer... a dos homens mesmo... homens no sentido do ser humano - homens + mulheres + crianças + transgêneros... enfim. Como se explica?

Prezada amiga Tânia, ah, a paixão. Puro afã, zum de besouro, um imã. Branca é a tez da manhã! Pronto, está explicada a paixão. Tá bom, tá bom, tá bom, acho que você quer um pouco mais do que o Djá cantou, né? Sua pergunta, querida Persona dell’arte, é transdisciplinar e portanto pode ser respondida embasada (e passeando) por várias áreas do conhecimento humano. O que é a paixão? Perguntou o psicanalista. É você, mamãe! Respondeu Édipo. O que é a paixão? Perguntou o cientista. Eu não sei, mas sei onde fica! Respondeu o neuro-psico-farmacologista.
Mas, na verdade, existe uma resposta e eu, como oráculo honesto que sou, não me esquivarei dela com evasivas poéticas que se desmancham no ar como zuns de besouros. Não direi que a paixão não se explica, que apenas se sente, porque essa é a resposta dos incompetentes.
A paixão se explica na incompletude humana, na eterna busca da totalidade perdida quando caímos nesse mundo e rompemos nossos laços com o útero e, por conseguinte, com a grande mãe-tudo-universo. Largados no mundo, separados do Éden, somos apenas humanos pela metade a procurar quem nos complete, doloridos pela falta da compreensão e da tranqüilidade do Todo, da salina morna que havia nos banhado até então.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cleido, Está lindíssimo esse. e continuo tietando...