21 fevereiro 2007

Por que ao bocejar quem está ao lado automaticamente boceja também?

Jaqueline perguntou:
Porque ao bocejar quem está ao lado automaticamente boceja também?

Icky Rocco perguntou:
Por que quando estamos conversando com uma pessoa, e esta boceja, automaticamente bocejamos também?

Prezados amigos sonolentos, o bocejo faz parte de um conjunto de comportamentos humanos chamados sociais contaminadores ancestrais. Outros comportamentos pertencentes a essa categoria é a famosa vontade de rir em velórios e missas e também a vontade de vomitar quando alguém acabou de chamar o Hugo, ao seu lado.
São comportamentos que, de uma maneira ou de outra, garantiram a sobrevivência de nossa querida espécie nesse mundo cão e cheio de perigos em que surgimos e vivemos até hoje (por enquanto, pelo menos!). Como todo mundo está careca de saber, o bocejo normal é um indicador de sono à vista. Regiões localizadas no tronco cerebral são responsáveis pelo ciclo sono-vigília, o nosso querido fluir entre períodos de estar acordado e dormir que os primatas tanto prezam. É uma loucura, quando dormimos, as áreas que nos mantêm acordados são desativadas por neurotransmissores inibitórios da turma do GABA e similares. Por sua vez, os circuitos ascendentes que fazem a gente viver acordado ficam todos acesinhos, louquinhos para passar impulsos elétricos para lá e para cá. Como disse anteriormente: uma loucura!
Quanto ao nosso querido bocejo, temos que lembrar que, se hoje em dia, ele no máximo provoca uma resposta similar no colega ao lado. Há muito tempo atrás, ele serviu para muito mais coisas.
Voltemos aos nossos primórdios hominídeos. Imaginem a vida nas cavernas, os primatas humanóides empoleirados uns sobre os outros, fugindo do frio, esquentando-se no contato dos corpos peludos e da fogueira feita com gravetos. Imaginem que esse esfrega-esfrega cotidiano deve ter mandado os períodos de cio para as picas (ops!). Ou seja, esse contato próximo recorrente, acabou com os períodos restritos de sexualidade que costumava acontecer nos outros mamíferos (cio) fazendo com que toda noite fosse uma legítima festa da macacada. Entenderam? Cause tonight is THE night! Toda noite era aquele fuzuê na caverna. Ninguém era de ninguém, hominídeo com mulherídeo, hominideo com hominídeo, mulherídeo com mulherídeo.
Nem preciso dizer que depois de um tempo, as raves tum-tum-tum da pré-história começaram a varar a noite e a continuar pelo dia afora. Noites e dias sem dormir embalados por peiotes e cogumelinhos estranhos encontrados no meio da caverna. Nem preciso dizer que, com o tempo, o povo foi ficando fraco, parou de cuidar direito da cria, nem transar mais eles conseguiam e, como diria Hipócrates, “tudo faz bem e tudo faz mal, depende da dose!”, com isso, a galera primata começou a minguar. Os poucos primatas que sobraram foram justo aqueles que conseguiam ir para a balada do roça-roça na noite, mas que dormiam antes, bem cedo, e depois acordavam lá pelas duas da manhã e caiam na gandaia até as primeiras luzes do dia, e dormiam de novo e acordavam renovados, para os afazeres diários. Porém, dormir cedo era um problema. Ainda mais com a ansiedade básica que batia nos corações, só de pensar na festa mais à noite. O que essa turma organizada (e a única que sobreviveu) fazia para dormir cedo? Bocejava. Um começava daqui, outro começava dali, depois de um tempo estava todo mundo bocejando sincronizados. Era como um ritual, um via o outro bocejando e forçava o bocejar também. Como o bocejo era (é) um sinal do sono que vem vindo, todo mundo, depois de um tempo, estava dormindo.
Com o passar das gerações, esse modo de vida sincronizado sobreviveu no modo de vida dos hominídeos sobreviventes que permaneceram adaptados ao seu meio. O que era apenas um comportamento intencional de bocejar coletivo foi se transformando em uma resposta comportamental contagiante. Ou seja, os indivíduos que eram mais influenciados pelos bocejos alheios e bocejavam também, dormiam mais rápidos, descansavam mais, participavam mais das festas orgiásticas noturnas e, por conseguinte, se reproduziam mais. Por sua vez, se reproduzindo mais, aumentavam as chances de seus genes facilitadores do contágio por comportamentos sociais serem transmitidos para seus descendentes. Concluindo o raciocínio, depois de muitas gerações, só sobraram os descendentes que bocejavam facilmente quando viam alguém bocejar perto deles (mesmo que nem mais dormissem juntos nas cavernas e etc.). É desses indivíduos que somos todos descendentes, hoje em dia. E esse comportamento contagiador é tão forte, atávico e arquetípico que gerou duas perguntas parecidas em pessoas diferentes e que nem se conhecem, sobre o mesmo asssunto do bocejar.

2 comentários:

Unknown disse...

Interessante sua resposta...
Pensou bem,colocação ótima.
Mandou bem.
O legal que eu percebi é que vc tem a mesma criatividade que eu...
O problema é que vc consegue colocar isso em pratica na escrita...
Eu nao.
Podendo me ajudar...
Me add no msn ai o.o (avril_neto@hotmail.com)

Unknown disse...

Interessante sua resposta...
Pensou bem,colocação ótima.
Mandou bem.
O legal que eu percebi é que vc tem a mesma criatividade que eu...
O problema é que vc consegue colocar isso em pratica na escrita...
Eu nao.
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Me add no msn ai o.o (avril_neto@hotmail.com)